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quinta-feira, 20 de março de 2025

The Highwaymen

Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.

"Michael, Row The Boat Ashore" é um "spiritual" afro-americano descoberto durante a Guerra Civil Americana (1861-1865) na Ilha de Santa Helena, uma das ilhas marítimas da Carolina do Sul tomadas pelos confederados. Era cantada por ex-escravos cujos donos haviam abandonado a ilha antes da chegada da Marinha da União.

Charles Pickard Ware (1840-1921) era um abolicionista formado em Harvard que viera para supervisionar as plantações na Ilha de Santa Helena de 1862 a 1865 e escreveu a canção em notação musical enquanto ouvia os libertos cantá-la.

O termo "spirituals" deriva de Efésios 5:19: "Animem uns aos outros com salmos, hinos e canções espirituais. Cantem, de todo o coração, hinos e salmos ao Senhor" e o estilo é uma criação única dos escravos dos EUA; outras regiões do Novo Mundo onde a escravidão era praticada, como o Caribe e o Brasil, não produziram canções semelhantes.

Michael representa São Miguel Arcanjo ('aquele que é semelhante a Deus'), referido no catolicismo como o anjo da morte, o que leva a alma de todos os falecidos para o céu.

A letra tem várias versões, mas em todas o personagem navega pelo rio Jordão, onde Jesus foi batizado para mostrar o caminho para o céu.

Assim, a letra representa a transição da vida para a morte, da terra para o céu. Mas o rio Jordão, sobre o qual os israelitas cruzaram para a Terra Prometida, simbolizava não apenas a salvação pós-morte.

Seu uso nessas canções era político, bem como religioso. Para aqueles que cantaram pela primeira vez “Michael, Row the Boat Ashore”, também representou a libertação da escravidão - e talvez particularmente a fuga do Sul escravista para os Estados livres do Norte.

A canção foi publicada pela primeira vez em 1867 na antologia "Slave Songs of the United States". O músico folk e educador Tony Saletan (1931-) a redescobriu em 1954 em uma cópia desse livro na biblioteca.

Desde então, a canção teve várias gravações, como de Pete Seeger (1919-2014), The Weavers, Bob Gibson (1931-1996), Lonnie Donegan (1931-2002), The Lennon Sisters, Trini Lopez (1937-2020), Beach Boys e Peter, Paul e Mary... ou seja, todos brancos.

Mas Harry Belafonte (1927-2023), negro e ativista, gravou uma versão popular da canção em 1962.

A mais conhecida, contudo, foi lançada em 1960 pela banda folk americana The Highwaymen (com cinco brancos), que alcançou o primeiro lugar nas paradas em 1961.

A banda Highwaymen foi formada em 1958 por calouros da Wesleyan University, em Middletown (Connecticut), por Dave Fisher (1940-2010), Bob Burnett (1940-2011), Steve Butts (1940-), Chan Daniels (1939-1975) e Steve Trott (1939-2022).

Os membros posteriores foram Gil Robbins (1931-2011, pai do ator Tim Robbins-1958-), que se juntou em 1962 quando Steve Trott entrou na Harvard Law School, e em 1991 o guitarrista e baixista Johann Helton (1953-).

O grupo original (menos Daniels) se apresentou pela última vez em agosto de 2009 no Guthrie Center em Massachusetts. (Fontes: Deseret News, Media Traffic, All Music e site oficial da banda.)



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