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segunda-feira, 17 de março de 2025

Zé Kéti

Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.

No ano de 1961, Zé Kéti compôs, com Carlos Lyra (1933-2023), o "Samba da Legalidade".

A música integrava movimento de resistência ao golpe pretendido pelos ministros militares para evitar a posse de João Goulart (1919-1976), vice-presidente de Jânio Quadros (1917-1992), que havia renunciado em 25 de agosto daquele ano.

A canção só foi gravada em 1965, por Nara Leão (1942-1989), no disco "O Canto Livre de Nara". 

José Flores de Jesus, o Zé Kéti (1921-1999), foi compositor e cantor carioca. Na infância, eram frequentes as rodas de samba - seu pai, o marinheiro Josué Vale de Jesus, tocava cavaquinho e seu avô, João Dionísio de Santana, era flautista e pianista -, com presença de músicos como Cândido (Índio) das Neves (1899-1934) e Pixinguinha (Alfredo da Rocha Vianna Filho, 1897-1973).

Em 1924, com a morte do pai, passa a morar com o avô. Além do interesse pela música, na infância ganha um apelido, Zé Quieto, que é encurtado para Zé Quéti, e, grafado com um K, torna-se o nome artístico.

Aos 13 anos, é levado para assistir aos ensaios da escola de samba Estação Primeira de Mangueira. É esse o seu primeiro contato com a música do morro.

Em fins da década de 1930, ele compõe suas primeiras marchinhas de carnaval. Em 1939, passa a frequentar o Café Nice, onde estabelece contatos fundamentais para sua carreira.

No início dos anos 1950, compõe o samba que se torna um dos seus maiores sucessos, "A Voz do Morro". A música é gravada pelo cantor Jorge Goulart (1926-2012), em 1955, com arranjo de Radamés Gnattali (1906-1988). No mesmo ano, a composição é tema do filme "Rio 40 Graus", de Nelson Pereira dos Santos (1928-2018).

Surge no Rio de Janeiro o Zicartola, em 1963. O bar inaugurado por Cartola (1908-1980) e sua mulher, Dona Zica (Euzébia Silva do Nascimento, 1913-2003) é um ponto de encontro dos artistas cariocas nesse início dos anos 1960.

Zé Kéti é um representante do samba tradicional do morro carioca e uma referência para os músicos que vêm da bossa nova, como Nara Leão e Carlos Lyra.

Das conversas entre os frequentadores do bar, surge a ideia de realização de uma apresentação musical. O resultado é a peça "Opinião", de autoria de Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974), nomeada a partir do samba homônimo de Zé Kéti, que estreia no ano de 1964 em um pequeno teatro de Copacabana, com direção de Augusto Boal (1931-200) e participação de João do Vale (1934-1996), Ruy Guerra (1931-), Nara Leão, Carlos Lyra, Edu Lobo (1943-), Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006) e Maria Bethânia (1946), que substitui Nara.

Kéti participa ainda de outras produções cinematográficas, como "O Boca de Ouro" (1962), também de Nelson Pereira; "A Falecida" (1965), de Leon Hirszman (1937-1987), e "A Grande Cidade" (1966), de Carlos "Cacá" Diegues (1940-2025).

Em 1965, lançou "Acender as Velas", considerada uma de suas melhores composições, que se inclui entre as músicas de protesto da fase posterior a 1964, com letra que desmistifica a beleza do morro e relata seus dramas.

Em 1967, a marcha "Máscara Negra", gravada por ele mesmo e também por Dalva de Oliveira (1917-1972), foi vencedora do carnaval, tirando o 1º lugar no 1º Concurso de Músicas para o Carnaval, criado naquele ano pelo Conselho Superior de MPB do Museu da Imagem e do Som e fazendo grande sucesso nacional.

No início da década de 1970, fazia parte da Ala dos Compositores da Portela ao lado de Monarco (Hildemar Diniz, 1933-2021), Candeia (Antônio Candeia Filho, 1935-1978), Paulinho da Viola (1942-), João Nogueira (1941-2000), Wilson Moreira (1936-2018), entre outros.

Em 1976, mudou-se para São Paulo, onde frequentemente apresentava-se em shows e gravou vários discos.

Voltou para o Rio em 1994. Em 1996, lançou o CD "75 Anos de Samba", com participação de Zeca Pagodinho (Jessé Gomes da Silva Filho, 1959-), Monarco, Wilson Moreira e Cristina Buarque (1950-).

Em 1997, completou 60 anos de carreira e foi homenageado com o show "Na Casa de Noca", na Gávea (RJ) e recebeu da Escola de Samba Portela um troféu em reconhecimento pelo seu trabalho.

Em 1998, ganhou o Prêmio Shell pelo conjunto de sua obra: mais de 200 músicas.

Em janeiro de 1999, recebeu a placa pelos 60 anos de carreira na roda de samba da Cobal do Humaitá. 

presentou-se ao lado da Velha Guarda da Portela e teve várias músicas regravadas.

Morreu de falência múltipla dos órgãos aos 78 anos em 1999. (Fontes: Enciclopédia Itaú Cultural, Dicionário Cravo Albin da MPB.) 


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