O Barquinho Cultural

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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Heraldo do Monte

Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.

Heraldo do Monte (1935-) nasceu no Recife, no Dia do Trabalhador, e começou seus estudos de música com o clarinete, passando em seguida ao violão, que aprendeu sozinho.

Na capital pernambucana, acompanhou cantores em boates até se mudar para São Paulo, trabalhando como músico na TV Tupi.

Seu primeiro LP solo foi lançado em 1960, "Heraldo e seu conjunto", pela RCA.

Em 1961, sai "Dançando com o Sucesso" e, em 1962, "Dançando com o Sucesso Vol. 2".

Mais tarde, fez parte, ao lado de Aírto Moreira (1941-) e Theo de Barros (1943-20232), do Trio Novo, ao qual Hermeto Pascoal (1936-) viria a se juntar, formando o Quarteto Novo, com o qual gravou, em 1967, o LP "Quarteto Novo", lançado pela Odeon, que incluiu em seu repertório a canção "Síntese", de sua autoria.

Após o fim do quarteto, gravou três discos. Ainda nos anos 1970 gravou o álbum "O Violão de Heraldo do Monte". Só voltaria a gravar quase dez anos mais tarde ao lado de Elomar (1937-), Paulo Moura (1932-2010) e Arthur Moreira Lima (1940-2024) o disco "ConSertão".

Nos anos 1980 gravou três álbuns e, em 1993, o "Instrumental no CCBB", com o Duofel.

Em 2000, lança o CD "Viola Nordestina" e, em 2003, sai "Teca Calazans & Heraldo do Monte".

Em 2004 produz e lança de maneira independente os discos "Guitarra Brasileira", distribuído pela Tratore, e "MPBaby: Moda de Viola", pelo selo MCD, no qual toca na viola temas clássicos da música sertaneja.

Integrou também o grupo Cinco-Pados (Gabriel Bahlis, contrabaixo; Carlos Alberto Alcântara, saxofone; Walter Correia Arruda, bateria, e Dorival Auliani 'Buda', piston), com quem gravou um LP em 1964 pela Chantecler; e do grupo Medusa (Amilson Godoy, piano elétrico e acústico; Chico Medori, bateria e percussão; Cláudio Bertrami, baixo; Olmir Stocker, guitarra e violão, e Theo da Cuíca, percussão), gravando dois LPs, em 1981 e 1983.

Gravou ainda participação em dois discos do Zimbo Trio, em 1976 e 1978.

O vídeo abaixo é do disco de 1963, "Batida Diferente", com Heraldo tocando "Samba de Pizzicato", dele, M. Lameira Viana e W. Marchetti, o trabalho mais remoto encontrado na rede.


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Bob Dylan

Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.

Em 1961, a cantora folk texana Carolyn Hester (1937-) gravou seu primeiro LP pela Columbia (o terceiro de sua carreira; os dois primeiros foram por outros selos).

O disco, que leva seu nome, conta com a participação do jovem Robert Allen Zimmerman (1941-) tocando harmônica em algumas faixas. É o primeiro registro fonográfico de Bob Dylan.

A performance de Dylan nas cinco faixas em que tocou ('Swing and Turn Jubilee', 'Come Back, Baby', 'I'll Fly Away', 'Los Bibilicos' e 'Virgin Mary') chamou a atenção do produtor de Hester, John Hammond (John Henry Hammond II, 1910-1987, pai do bluesman John P. Hammond, 1942-), que logo depois o contratou para a gravadora.

Lá, ele grava, entre os dias 20 e 22 de novembro de 1961, seu primeiro LP, lançado em 19 de março do ano seguinte. "Bob Dylan", só com voz, violão e harmônica, traz 13 faixas, a maioria releituras de clássicos da música folk americana, mas também inclui duas composições originais de Dylan, "Talkin' New York" e "Song to Woody", esta uma homenagem a Woody Guthrie (1912-1967), uma grande influência no início de sua carreira e a quem foi visitar em Nova York no início de 1961 ao sabê-lo doente.

O álbum não foi bem recebido pela crítica, só entrando nas paradas do Reino Unido três anos depois de seu lançamento, quando o artista já tinha alguma popularidade.

Ainda em 1961, em dezembro, Dylan e o amigo Tony Glover (1939-2019) foram a Minneapolis visitar a amiga Bonnie Beecher (1941-). Na casa dela, Dylan toca informalmente uma série de canções, próprias e de outros compositores, que foram captadas em um gravador de rolo por Glover; algumas dessas gravações foram aproveitadas em seu segundo álbum, "The Freewheelin' Bob Dylan", de 1963, e já o mostram com estilo próprio.

Das 13 faixas, onze são de autoria de Dylan, incluindo a clássica "Blowin' in the Wind", colocada na 14ª posição na lista das 500 melhores canções de todos os tempos da revista Rolling Stone.

De lá, até ser laureado com o Nobel de Literatura em 2016, foram 40 álbuns de estúdio (o último em 2023, 'Shadow Kingdom', que apresenta canções reinventadas do início de sua carreira, gravadas durante a pandemia), 21 ao vivo, 58 singles e 14 compilações, além dos dois LPs com o "Traveling Wilburys", banda da qual participou entre 1988 e 1990 e da qual faziam parte também George Harrison (1943-2001), Roy Orbison (1936-1988), Tom Petty (1950-2017) e Jeff Lynne (1947-).


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Léo Belico

Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.

Léo Belico (1925-2015) nasceu na cidade de Piedade de Ponte Nova (MG). Foi para Belo Horizonte no começo dos anos 1940 para trabalhar em um banco, e nas horas vagas participava de programas de calouros nas rádios locais.

Em BH, ele encontrou-se com dois conterrâneos, os irmãos Bolívar e Vladimir, com os quais formou o Trio Aymoré, que se apresentava no Cassino da Pampulha, no Iate Clube e Minas Tênis e nos bailes da capital.

A orquestra do maestro Deley precisou de um crooner e acabou chamando Léo para integrar a equipe. Era o finalzinho da década de 1940 e Belico entrou para o rádio Guarani.

Em uma de suas férias, viajou para Buenos Aires. Na capital argentina, deu uma “canja” numa casa noturna, o que o fez ser “descoberto” por um produtor musical da El Mundo, que o lançou no mercado argentino.

Ali, virou ídolo, cantando em português. Era muito prestigiado, inclusive pela primeira-dama de então, Eva Peron.

Com saudades do Brasil, Léo Belico regressou em agosto de 1960. A partir daí faria apenas temporadas na Argentina.

Ainda participou de programas na rádio Record de São Paulo e na Nacional do Rio de Janeiro, na qual apresentava-se sempre no programa de César de Alencar, convivendo com os astros e estrelas da época: Marlene, Emilinha, Ângela Maria, Lúcio Alves, Jorge Veiga, Jorge Goulart, maestro Chiquinho e os irmãos Cyl e Dick Farney, entre outros.

Em 1961, lançou pela Odeon o 78 rpm com "Triste Regresso", de Lupicínio Rodrigues, e "A Barca" ('La Barca', de Roberto Cantoral, versão de Nely B. Pinto.


terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Ellen de Lima

Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.


Helenice Teresinha de Lima Pereira de Almeida, nome de batismo da cantora e atriz nascida em Salvador Ellen de Lima (1938-), fez sucesso durante o período dourado do rádio, na década de 1950.

Celebrizou-se ao ser a intérprete da "Canção das Misses", escrita por Lourival Faissal (1922-1979), para servir de tema do tradicional concurso de Miss Brasil.

A carreira artística começou em 1950, no programa de calouros de César de Alencar (1917-1990), na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, para onde a família se mudou quando ela tinha 2 anos de idade.

Aos 8 anos, cantou no programa "Papel Carbono", de Renato Murce (1900-1987), na Rádio Nacional, imitando Heleninha Costa (1924-2005), sendo a vencedora da noite.

Em 1954, foi contratada pela Rádio Mayrink Veiga para apresentar-se no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde morou por dois anos. 

Tornou-se artista da Columbia e lançou ainda em 1954 seu primeiro disco a convite do maestro Renato de Oliveira (1923-1980), com o samba-canção "Até Você" (Armando Nunes) e o slow-fox "Melancolia" (Allain Romans, versão do Capitão Furtado).

Em 1957, trocou a Mayrink Veiga pela Nacional, do Rio de Janeiro, onde alcançou o auge de sua carreira, fazendo sucesso com o bolero "Vício" (Fernando César), gravado pela Columbia no seu primeiro LP, "Só Ellen", que incluía também o bolero "Mente", do mesmo compositor.

Fez várias aparições em programas de televisão, passando depois a atuar quase exclusivamente em boates.

Em 1963, gravou o LP "Ellen de Lima", selo Chantecler, com "Nós" (Malgoni e Pallesi, versão de Júlio Nagib) e "Leva-me Contigo" (Dolores Duran).

Três anos depois, pela mesma gravadora, lançou "Ellen... Canta!", destacando-se "Na Paz do seu Olhar" (João Melo) e "Você é Todo Mal Que Me Faz Bem" (Umberto Silva e Paulo Aguiar).

Seu LP "Ellen de Lima", lançado pela Odeon em 1969, incluía "Cante, Cante" (Tito Madi) e "Somente Porque Te Amo" (Leci Brandão).

Em 1961, lançou três compactos simples pela RCA Victor: "Ainda Te Quero" (Mozart Brandão)/"Convite à Saudade” (Santos Garcia); "Analfabeta em Amor" (Santos Garcia)/"Chorou Chorou” (Luiz Antônio) e "Faz-me Rir" (Me Da Risa), de Francisco Yoni e Edmundo Arias, versão, Teixeira Filho/"Volta Meu Bem” (Eurico Campos).

Segue ativa, principalmente nas redes sociais (Instagram @ellen_de_lima_oficial). Em 2023, concedeu uma longa entrevista ao site "A Música De", contando sua história e projetos.


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Leila Silva

Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.

A manauara Inezilda Nonato da Silva (1935-), mais conhecida como Leila Silva, veio com a família para Santos (SP) em 1950, onde começou a se apresentar na Rádio Atlântica.

Teve um programa exclusivo na Rádio Clube de Santos. Em 1959 foi contratada pelo selo Califórnia e estreou em discos cantando os sambas-canção "Resignação", de Plínio Metropolo, e "Mentira", de Dênis Brean e Osvaldo Guilherme.

No mesmo ano, transferiu-se para a gravadora Chantecler e gravou o tango "Mar negro", de Leo Rodi e Palmeira, e o samba-canção "Irmã da saudade", de Portinho e João Pacífico.

O primeiro LP, "Perdão para Dois", foi lançado em 1960. Em abril de 1961, seu sucesso foi o samba "Justiça de Deus", de Normindo Alves e Ruth Amaral, com "Nossa União", de Vicente Clair, no lado B.

Ainda na década de 1960, teve um programa na TV Record de São Paulo que ficou no ar durante três anos. Emplacou outros sucessos pela Continental, para onde foi em 1964, mas, na falta de um investimento da gravadora, foi perdendo terreno no mercado.

Tentou a RCA Victor, onde não aconteceu. Continua se apresentando esporadicamente e, em 2002, lançou, pelo selo Revivendo, o CD "Leila Silva - O Mais Puro Amor", com regravações de suas canções. (Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB e Brazilian Pop).



domingo, 23 de fevereiro de 2025

Norman Granz

Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.

Em 3 de abril de 1961, saiu pelo Argo, selo da lendária Chess Records focado em jazz e pop, o LP "Morris Grants Presents J.U.N.K.", acrônimo de Jazz University's New Kicks.

O disco, na verdade, era uma paródia - ou gozação - da série de concertos realizados nos anos 1940 e 1950 por Norman Granz (foto) chamada "Jazz at the Philharmonic" (JATP).

Granz (1918-2001) organizou os concertos, turnês e gravações com grandes nomes do jazz do período, o primeiro no Philharmonic Auditorium, em Los Angeles, em 2 de julho de 1944, para arrecadar fundos para a defesa de 17 mexicanos acusados injustamente de assassinato, fato que desencadeou uma série de conflitos entre latinos e mexicanos e soldados americanos no começo de junho de 1943 em Los Angeles, que ficaram conhecidos como Zoot Suir Riots.

Os concertos JATP também se destacavam por unir nos palcos músicos negros e brancos, uma forma de protesto contra a discriminação e o preconceito racial no país.

Mas a paródia "Morris Grants...", ao que consta, não passou mesmo de uma gozação, se bem que com música de alta qualidade.

Na capa, são citados como músicos Morris Brewbeck, Sol Desman, Miles Morris, Morris Garner, Ornette Morris, Morris Ferguson, Theloneliest Plunk, Can-E-Ball Naturally e Merry Julligan, que, evidentemente, nunca existiram e foram inventados.

Durante anos se especulou que o trompetista Maynard Ferguson (1928-2006) estivesse por trás da brincadeira. Hoje se sabe que os músicos participantes foram Jordan Ramin (1929-2012), no sax alto, tenor e barítono e piano; Doc Severinsen (1927-), no trompete; Bernie Leighton (1921-1994), piano; Trigger Alpert (1916-2013), baixo, e Don Lamond (1920-2003), bateria.

É um dos discos de jazz mais raros que existe. São 11 faixas com composições de Lester Young, Bertold Brecht e Kurtl Weill, Allie Wrubel/Herbert Magidson, Gene Austin/Nathaniel Shilkret, Gus Kahn/Walter Donaldson, Alberto Dominguez/Leonard Whitcup, além de três de Ramin e Duke Ellington.

O LP foi gravado durante uma apresentação real no Grove Hall, em Boston (Massachusetts). Infelizmente, não há vídeos no YouTube. Mas o Spotify traz a íntegra do álbum:



sábado, 22 de fevereiro de 2025

Chris Anderson


Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.

Chris Anderson (1926-2008) é mais conhecido como o primeiro professor do pianista Herbie Hancock (1940-), mas foi muito mais do que isso.

Nascido em Chicago, aprendeu piano sozinho e começou a tocar em clubes da cidade e, em meados da década de 1940, tocou com os saxofonistas Von Freeman (1923-2012) e Charlie Parker (1920-1955), entre outros.

Tocou brevemente com Dinah Washington (1924-1963) em Nova York, onde resolveu ficar após ser demitido pela cantora.

Entusiasta da harmonia, foi tocado pelo jazz ao conhecer, trabalhando em uma loja de discos, Nat King Cole (1919-1965), Art Tatum (1910-1956) e Duke Ellington (1899-1974).

Dizia ele que, após conhecer esses três, parou de ouvir pianistas, mais interessado em ouvir um arranjador do que um pianista, como Gil Evans (1912-1988) e Nelson Riddle (1921-1985).

Quando tinha 18 anos, tocava piano para Leo Blevins (1925-), um influente guitarrista de Chicago que conhecia quase todas as estrelas do jazz.

Naquele ano, graças a Leo, Chris começou a tocar com Sonny Stitt (1924-1982).

Em dois anos, ele estava tocando nos famosos concertos do Pershing Ballroom com Charlie Parker e Howard McGhee (1918-1987). Ele tinha 20 anos e, devido ao agravamento constante da catarata, ficou completamente cego.

Nos 15 anos seguintes como pianista residente em vários dos melhores clubes de jazz de Chicago, Chris tocou com grandes nomes: Sonny Rollins (1930-), Stan Getz (1927-1991), Johnny Griffin (1928-2008), entre outros, e influenciou gerações seguintes de jovens músicos de Chicago.

Em 1960, Herbie Hancock ouviu Chris Anderson tocar. "A música de Chris afetou profundamente a minha música. Depois de ouvi-lo tocar apenas uma vez, implorei a ele que me deixasse estudar com ele. Chris Anderson é um mestre da harmonia e da sensibilidade. Serei eternamente grato a ele", disse Herbie em uma entrevista.

Apesar do respeito de seus colegas, Anderson teve dificuldade em encontrar trabalho ou aclamação popular devido em grande parte às suas deficiências. Ele era cego e seus ossos eram excepcionalmente frágeis, causando inúmeras fraturas, que às vezes comprometeram sua capacidade de se apresentar nos horários ou locais solicitados, embora ele tenha continuado a gravar até os 70 anos.

Ele morreu de derrame em 4 de fevereiro de 2008 em Manhattan, Nova York, aos 81 anos.

Em 1961, com os bateristas Philly Joe Jones (1923-1985) e Walter Perkins (1932-2004) e o baixista Bill Lee (1928-2023), pai do cineasta Spike Lee (1957-), gravou pela Jazzland "Inverted Image", lançado em março do ano seguinte.

O LP tem três temas de sua autoria: "Inverted Images", "See You Saturday" e "Only One", e outros cinco de outros autores, com destaque para "You'd Be So Nice to Come Home To", de Cole Porter; a clássica "My Funny Valentine", de Richard Rodger e Lorenz Hartz, e "I Hear a Rhapsody", de George Fragos, Jack Baker e Dick Gasparre, além de "Lullaby of the Leaves" (Bernice Petkere e Joe Young) e "Dancing in the Dark" (Arthur Schwartz e Howard Dietz).


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

John Wright

Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.

John Wright (1934-2017) nasceu em Louisville (Kentucky), mas sua família mudou-se para Chicago em 1936, onde sua mãe, uma pregadora evangélica, fundou uma igreja na qual ele começou a tocar piano aos 7 anos de idade. Aos 13, se tornou o organista em uma igreja Batista em Chicago.

Foi ao servir na Alemanha como soldado dos Serviços Especiais que tomou conhecimento mais próximo do jazz. Retornou a Chicago em 1955 e se apresentou na cena de jazz local em clubes e, em 1960, tocando ora piano ora baixo, começou a gravar para o selo de jazz de Nova York Prestige no Van Gelder Studio, produzindo um total de cinco álbuns para o selo entre 1960 e 1962.

O primeiro foi "South Side Soul", com ele ao piano, o baixista Wendell Roberts e o baterista Walter McCants (a primeira de várias formações chamadas de John Wright Trio).

Em um único dia ele improvisou um álbum de melodias groove baseadas no blues de 12 compassos. No mesmo ano lançou "Nice 'n' tasty", com Wendell Marshall no baixo e J. C. Heard na bateria.

Em 1961, muda para um quarteto, acrescentando o saxofonista Eddy Catr-Eye Williams, além de Marshall no baixo e Roy Brooks na bateria e grava "Makin' Out".

No mesmo ano, novamente como trio (com Eugene Taylor no baixo e Walter McCants na bateria), lança "The Last Amen". Em 1962, sai "Mr. Soul", com Marshall (baixo) e Walter Perkins (bateria).

Após essas gravações, Wright continuou a se apresentar em clubes de Chicago e trabalhou como bibliotecário na Cadeia do Condado de Cook de meados dos anos 1980 até 1999.

Perguntado por que parou de gravar em 1962, Wright respondeu que descobriu que outros músicos de jazz ganhavam mais dinheiro e tinham mais apresentações que ele e daí surgiu um desentendimento com o dono da Prestige, Bob Weinstock, que o impediu de lá gravar.

Em 1994, Wright gravou o último álbum, "Wright Changes & Choices".

Em 2008, ele foi indicado para o Hall da Fama da Wendell Phillips High School, e, em 2009, foi premiado com o Walter Dyett Lifetime Achievement Award pelo Jazz Institute of Chicago.

Wright morreu no final de 2017, e concertos de tributo foram realizados em sua memória no 2018 Chicago Jazz Festival e no 2018 Hyde Park Jazz Festival.



quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

CPC - Centro Popular de Cultura

Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.

Em março de 1961, foi criado na Guanabara o Centro Popular de Cultura (CPC), que se tornou o órgão cultural da União Nacional de Estudantes (UNE).

A entidade estudantil atuava no espaço político e reivindicava mudanças na educação superior do Brasil.

Em 1962, foi realizando em Curitiba o II Seminário Nacional de Reforma Universitária, e a UNE, com o objetivo de politizar a massa estudantil acerca dos problemas que debilitavam o ensino superior brasileiro, resolveu encomendar ao CPC um texto teatral que retratasse essa realidade.

Nascia aí a peça "Auto dos 99%", texto coletivo de Antônio Carlos da Fontoura (1939-), Armando Costa (1933-1984), Carlos Estevam Martins (1934-2009), Cecil Thiré (1943-2020), Marco Aurélio Garcia (1941-2017) e Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974).

A peça procurou enfocar a questão da elitização do ensino universitário brasileiro desde os tempos da colônia.

A peça, montada seguindo a estética agitprop (agitação e propaganda) - forma teatral utilizada pelos revolucionários russos após a vitória bolchevique em 1917, para difundir e propagar suas ideias sociopolíticas -, foi exibida em universidades e praças e outros espaços públicos durante o segundo semestre de 1962.

O CPC realizou outras montagens teatrais, promoveu seminário de dramaturgia, cursos de teatro, editou livros e cordéis, promoveu uma mostra de música brasileira, lançou discos e o longa-metragem "Cinco Vezes Favela", composto de cinco curtas, dirigidos por Marcos Farias (1935-1985), Miguel Borges (1937-2013), Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988), Carlos Diegues (1940-2025) e Leon Hirszman (1937-1987) - filme já citado aqui no episódio sobre Geraldo Vandré.

O primeiro disco do CPC é "O Povo Canta", um 7 polegadas com cinco canções, entre elas esta "Zé da Silva é um homem livre", de Geni Marcondes (1916-2011) e Augusto Boal (1931-2009), cantada por Carlinhos Castilho e Coral CPC e que integrou a trilha da peça "Revolução na América do Sul", de Boal.

Bem, não precisa dizer que após 31 de março de 1964 né?



quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Nora Ney

Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.

Em 1961, Nora Ney, nome artístico de Iracema de Sousa Ferreira (1922-2003), lançou pela Continental o 78 rpm "Cansei de Rock" (Armando Cavalcanti e Moacir Falcão), um samba que reclama da enxurrada de músicas do estilo gringo nas rádios, cinemas e boates.

Uma ironia, posto que Nora é considerada a primeira a gravar um rock no Brasil, a pioneira "Rock Around the Clock" (Max C. Freedman e James E. Myers), lançada por Bill Halley & His Comets em 1954. Nora canta a música em inglês, mas com título em português, "Ronda das Horas", lançada pela Continental em 1955.

Consta que o primeiro a gravar um rock brasileiro foi Cauby Peixoto (1931-2016), "Rock and Roll em Copacabana", de Miguel Gustavo, em 1957.

Nora era intérprete de sambas-canção, músicas de fossa e de dor de cotovelo, mas, contratada da Rádio Nacional, foi convidada a gravar a canção americana porque seu inglês era impecável e ela tinha longa vivência de crooner na noite carioca.

Na infância, aprendeu a tocar violão sozinha, frequentava programas de auditório nas rádios e casou-se ainda adolescente, tendo dois filhos, Vera Lúcia (miss Brasil em 1963) e Hélio. A união durou pouco, pois o marido, Cleido Maia, não aprovava sua vida artística.

Em 1952, conheceu o cantor Jorge Goulart (1926-2012), seu companheiro até o fim da vida. No mesmo ano sai seu primeiro single, pela Continental, com "Menino Grande" (Antônio Maria) e "Quanto Tempo Faz" (Paulo Soledade e Fernando Lobo).

No mesmo ano, gravou "Ninguém Me Ama", também do jornalista Antônio Maria (1921-1964), o "paradigma do samba-de-fossa".

A interpretação marcou definitivamente sua carreira de cantora das dores amorosas e lhe valeu o primeiro Disco de Ouro da história da fonografia brasileira, inspirando até o cantor Nat King Cole (1919-1965) a gravar essa música, poucos anos depois, quando o americano esteve no Rio em turnê.

Em 1953 foi eleita Rainha do Rádio. Em 1964, após o golpe militar, sai do país com Goulart e a enteada Maria Célia por causa da ligação do companheiro com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o sindicato dos artistas.

Retorna em 1970 e apresenta-se em Belo Horizonte (MG) e segue cantando e gravando até 2001, quando o agravamento de seus problemas de saúde a afastou dos palcos.

Morreu aos 81 anos por falência de múltiplos órgãos.



terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Teixeirinha

Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.

Em 1961, "Coração de Luto", canção autobiográfica de Teixeirinha, nome artístico do gaúcho Vítor Mateus Teixeira (1927-1985), se destacava nas paradas dos discos mais vendidos no Brasil e era uma das líderes de execução nas rádios.

"Coração de luto" conta a história da morte de sua mãe, Ledurina, que, ao sofrer ataque epiléptico em 1936, morreu queimada em cima do lixo que incinerava no quintal de casa.

Vítor perdeu o pai aos seis anos e a mãe aos nove. Foi morar com parentes, mas, como esses não tinham condições de sustentá-lo, para sobreviver saiu pelo mundo fazendo de tudo um pouco, desde carregar malas em portas de pensões até vender jornais e doces como ambulante.

Com 18 anos alistou-se no Exército, mas não chegou a servir e foi trabalhar no Daer (Departamento de Estradas de Rodagem), como operador de máquinas durante seis anos. Dali saiu para tentar a carreira artística cantando nas rádios das cidades do interior do Rio Grande do Sul.

Em 1959 foi convidado para gravar em São Paulo seu primeiro 78 rpm, com as músicas: “Xote Soledade” e “Briga no Batizado”, ambas de sua autoria.

“Coração de Luto” ocupou o lado B do quarto disco gravado por Teixeirinha (o lado A tinha 'Gaúcho de Passo Fundo'), e o sucesso aconteceu espontaneamente após seis meses de seu lançamento.

A gravadora Chantecler resolveu trazer o cantor para São Paulo a fim de trabalhar o disco. O sucesso aconteceu em todo o Brasil, com venda superior a um milhão de cópias no ano de 1961.

Com o dinheiro que ganhou na excursão a São Paulo, comprou uma casa em Porto Alegre, onde viveu toda sua vida, e uma Kombi para excursionar por todo o Brasil.

Aí assumiu a carreira artística, passando a trabalhar em circos, parques, teatros, cinemas e demais casas de espetáculos. Em 1961, ainda, Teixeirinha conheceu a acordeonista Mary Terezinha (1948-) na Rádio Bagé, que o acompanhou por 22 anos.

Em 1964, Teixeirinha escreveu o argumento do filme “Coração de Luto” (de onde foi extraído o vídeo abaixo, com trecho também de 'Minha Infância'), dirigido por Eduardo Llorente, recorde de bilheteria.

Em 1969, foi protagonista no filme “Motorista Sem Limites”, tendo no elenco nomes como Walter D’Avila e Jimmy Pipiolo, produzido por Itacir Rossi.

Em 1970 criou sua própria produtora, “Teixeirinha Produções Artísticas Ltda", pela qual escreveu, produziu e distribuiu dez filmes.

Durante 20 anos, apresentou programas de rádio diariamente com duas edições: “Teixeirinha Amanhece Cantando” (de manhã, óbvio!) e “Teixeirinha Comanda o Espetáculo” (à noite) e, aos domingos pela manhã tinha o programa “Teixeirinha Canta para o Brasil”, com transmissão da capital gaúcha para o interior e outros Estados brasileiros.

Gravou mais de 70 LPs, somando 758 músicas de sua autoria. Recebeu nove discos de ouro.

Em 1973 foi contratado para fazer 15 apresentações nos EUA. Em 1975 foi para o Canadá, onde realizou 18 espetáculos. Fez shows na maioria dos países da América do Sul.

A alcunha pejorativa "Churrasquinho de mãe" para a música consta que foi dada pelo apresentador de televisão Flávio Cavalcanti (1923-1986), ao dizer que Teixeirinha estava fazendo sucesso às custas da desgraça da mãe.

Teixeirinha morreu em 4 de dezembro de 1985, devido a um tumor nas glândulas linfáticas. Seu enterro foi acompanhado por mais de 50 mil pessoas e mereceu cobertura de quatro páginas do Zero Hora.

Em 2005, vinte anos de sua morte, o selo VMTF Music lançou o disco "Especial Teixeirinha: O Gaúcho Coração Do Rio Grande", trazendo 13 de suas composições interpretadas por artistas como Luiz Carlos Borges, Humberto Gessinger, Tchê Garotos, Duca Leindecker, Renato Borghetti, Os Serranos, Thedy Corrêa, Renato Teixeira, Hique Gomez, Fátima Gimenez, Arthur De Faria, Fernando Pezão, seu rebento, Teixeirinha Filho, entre outros.



Nico Fidenco

Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.

No começo dos anos 1960, houve uma verdadeira "invasão" de músicas italianas no Brasil. "Legata A Un Granello Di Sabbia", gravada por Nico Fidenco (1933-2022) em 1961, fez grande sucesso na Europa, o que fez com que a RCA Victor lançasse a música e um LP do cantor em final de 1962.

Em janeiro de 1963, Nico já estava entre os mais vendidos em São Paulo, onde se apresentou, no Teatro Record, em setembro desse ano.

Antes, em 27 fevereiro de 1963, estreou em São Paulo "Candelabro Italiano" ('Rome Adventure'), filme norte-americano dirigido por Delmer Daves (1904-1977) e rodado em Roma em 1961, com Troy Donahue (1936-2001), Suzanne Pleshette (1937-2008), Angie Dickson (1931-) e Rossano Brazzi (1916-1994), entre outros.

A Warner Brothers Records lança, pela Odeon, o LP com a trilha sonora do filme e um compacto, "Al Di Là", de Mogol (1936-) e Carlo Donida (1920-1998), cantada por Emilio Pericoli (1928-2013), que vai para o 1º lugar nas paradas em poucas semanas.

A partir daí, o mercado brasileiro tornou-se apetitoso para os executivos fonográficos italianos.

Em julho de 1963, Rita Pavone (1945-) estourou aqui com "La Partita Di Pallone", depois "Datemi Un Martello", assim como Sergio Endrigo (1933-2005), compositor de "Canzone Per Te", defendida por Roberto Carlos (1941-) no Festival de San Remo em 1968, mas que fez sucesso antes aqui com "Io Che Amo Solo Te". "Roberta", de Peppino Di Capri (1939-), encantou o país que visitou em 1962.

Outros italianos que brilharam aqui: Bobby Solo (1945-), com "Una Lacrima Sul Viso"; Ornella Vanoni (1934-), com "Siamo Pagliacci"; Pino Donaggio (1941-), com "Io Che Non Vivo Senza Te"; Nino Rosso (1926-1994), com "Il Silencio"; Jimmy Fontana (1934-2013), com "Il mondo", Gino Paoli (1934-), com "Sapore Di Sale"; Michele Maisano (1944-), com "Se Mi Vuoi Lasciare"; Milva (1939-2021), com "Uno Come Noi".

Gigliola Cinquetti (1947-), sensação no Brasil na época, venceu, em 1964 (aos 17!), o Festival de San Remo de 1964 com a canção "Non Ho L'Età (Per Amarti)", de Nicola Salerno (1910-1969) e letra de Mário Panzeri (1911-1991).


A música integrou, em 1966, a trilha de "Dio Come Ti Amo!", filme dirigido por Miguel Iglesias (1915-2012), cuja canção título, de Domenico Modugno (1928-1994), também estourou na voz de Gigliola, protagonista da fita.


Martha Mendonça

Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.

Martha Mendonça, nascida Irenice Mendonça Pessoas em 1940, na cidade de Uberaba (MG), teve seu grande sucesso em 1961, o bolero "Tu sabes", de Joaquim Taborda, lançado pela Chantecler.

No mesmo ano, sai seu primeiro LP, "Martha Mendonça Maravilhosa", com 12 faixas, entre boleros e baladas.

Começou sua carreira aos 15 anos, quando cantou pela primeira vez em sua cidade natal substituindo sua irmã Lana Mendonça que se inscreveu num programa de calouros e, por medo, não compareceu.

Em 1956, embarcou para São Paulo e tentou a sorte em programas de calouros nas rádios.

Começou a cantar na noite e foi ouvida pelo cantor Wilson Miranda (1940-1986), que a levou aos diretores da Chantecler para gravar seu primeiro disco.

Em seus 25 anos de carreira, gravou oito discos em 78 rpm e mais seis LPs pelas gravadoras Odeon, Continental e Chantecler, além de participar de coletâneas e edições comemorativas, sem, contudo, alcançar o sucesso de "Tu sabes".

Em 1965 conheceu o cantor Altemar Dutra (1940-1993), com quem se casou e teve dois filhos: Deusa Dutra e Altemar Dutra Júnior.

Com o matrimônio, afastou-se dos palcos e estúdios, gravando apenas esporadicamente.


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Tião Carreiro e Pardinho

Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.

Tião Carreiro e Pardinho foi a primeira dupla caipira a gravar "O Rei do Gado", composição de Teddy Vieira (1922-1965), em 1961, pela Chantecler.

A música coloca frente a frente o rei do café, de Ribeirão Preto, e o do gado, de Andradina, ambas cidades do interior de São Paulo e que, atualmente, têm na cana de açúcar a principal atividade agrícola.

Aliás, a cidade do Rei do Gado foi notícia em março de 2021 com a informação de que a prefeitura estava leiloando carros de luxo para levantar recursos para o combate à covid-19.

Segundo matéria da "Folha de S. Paulo", a UTI da cidade estava lotada, assim como leitos de enfermaria, e, com 123 óbitos (à época) provocados pelo coronavírus, a prefeitura pretendia obter ao menos R$ 179 mil ao vender três veículos, ligados ao gabinete do então prefeito Mário Celso Lopes (PSDB). Os automóveis ficaram expostos na entrada da cidade, junto a um monumento que exibe a frase "Terra do Rei do Gado".

A dupla Tião Carreiro e Pardinho formou-se em 1954. Composta por José Dias Nunes (Tião Carreiro - 1934-1993) e Antônio Henrique de Lima (Pardinho - 1932-2001), a dupla se apresentou em circos e praças públicas.

Venceu o torneio de violeiros patrocinado pela Rádio Tupi de São Paulo em 1956 com o cururu "Canoeiro", de Zé Carreiro (1922-1970).

A apresentação chamou a atenção de Teddy Vieira, compositor e então diretor da Colúmbia, que os convidou para gravar um disco. Foi Teddy quem criou os nomes da dupla.

Tião Carreiro é considerado, juntamente com Lourival dos Santos (1917-1997), o criador do pagode sertanejo, um estilo especial de tocar, dedilhando a viola de 10 cordas, assim como um jeito especial no versejar.

A dupla também se destacava por a primeira voz, de Tião, ser a mais grave, quando o comum era a parte de voz mais aguda da dupla ficar em primeiro plano.

Tião ainda era responsável pelos solos de viola caipira e Pardinho, do som de base, no violão ou na viola.