Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.
Johnny Alf, nascido Alfredo José da Silva (1929-2010), perdeu o pai aos 3 anos e a mãe começou a trabalhar na casa de uma família no bairro da Tijuca.
Começou a estudar piano erudito aos 9 anos, com uma amiga da família para quem a mãe trabalhava. Logo se interessa pela música popular norte-americana ligada ao cinema. Admira principalmente Cole Porter (1891-1964), George Gershwin (1898-1937) e o pianista e cantor Nat King Cole (1919-1965).
Em 1949, frequenta o Sinatra-Farney Fan Club, na Tijuca, ponto de encontro de admiradores da música norte-americana e onde conhece Dick Farney (1921-1987) que, em 1952, o indica para ser o pianista da Cantina do César, do radialista César de Alencar (1917-1990).
A atriz Mary Gonçalves (1927), Rainha do Rádio naquele ano, escolhe quatro composições de Alf - "Podem Falar", "Estamos Sós", "O Que É Amar" e "Escuta" - para incluir em seu LP "Convite ao Romance" e lançar-se como cantora.
Pelo selo Sinter, Alf grava as músicas "Falsete", de sua autoria, e "De Cigarro em Cigarro", do compositor Luís Bonfá (1922-2001), em seu primeiro disco 78 rpm, com piano, contrabaixo e violão.
Em 1956, lança um disco 78 rpm, pela gravadora Copacabana, com as composições "O Tempo e o Vento" e "Rapaz de Bem", de 1953, canção considerada por alguns historiadores como precursora da bossa nova por suas soluções melódicas e harmônicas revolucionárias para a época.
Essa música nomeia seu primeiro LP, pela RCA Victor, em 1961, trazendo sete composições suas, entre as 12 do álbum. O disco tem ainda, além da faixa título, "Ilusão à Toa", "O Que É Amar", entre outras de sua autoria.
Sobre Alf escreveu Zuza Homem de Mello (1933-2020), em seu livro "Eis Aqui os Bossa-Nova": "A leveza de seu touché [toque], a forma desatada da marcação rítmica ao se acompanhar ao piano, a originalidade dos encadeamentos harmônicos, a mudança na disposição de notas dos acordes, as melodias com intervalos pouco usados, até a maneira de cantar juntinho do microfone sem arrebatamento, mas com a preocupação do mais nítido possível podem agora ser vistos como uma antessala da bossa-nova".
Alf inova ao usar a voz como instrumento, mexendo nas sílabas como fazem alguns cantores de jazz e é referência para vários outros, entre eles o cantor Wilson Simonal (1939-2000) e as cantoras Leny Andrade (1943-) e Elis Regina (1945-1982).
Uma de suas mais conhecidas composições, "Eu e a Brisa", foi defendida pela cantora Márcia (1943-) no 3º Festival da TV Record, em 1967, em São Paulo.
A música foi aplaudida por todos nos ensaios, mas teve recepção fria na apresentação à noite, sendo desclassificada.
Alf terminou a vida em um asilo em Santo André (SP), morrendo por complicações de um câncer de próstata.
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