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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Nora Ney

Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.

Em 1961, Nora Ney, nome artístico de Iracema de Sousa Ferreira (1922-2003), lançou pela Continental o 78 rpm "Cansei de Rock" (Armando Cavalcanti e Moacir Falcão), um samba que reclama da enxurrada de músicas do estilo gringo nas rádios, cinemas e boates.

Uma ironia, posto que Nora é considerada a primeira a gravar um rock no Brasil, a pioneira "Rock Around the Clock" (Max C. Freedman e James E. Myers), lançada por Bill Halley & His Comets em 1954. Nora canta a música em inglês, mas com título em português, "Ronda das Horas", lançada pela Continental em 1955.

Consta que o primeiro a gravar um rock brasileiro foi Cauby Peixoto (1931-2016), "Rock and Roll em Copacabana", de Miguel Gustavo, em 1957.

Nora era intérprete de sambas-canção, músicas de fossa e de dor de cotovelo, mas, contratada da Rádio Nacional, foi convidada a gravar a canção americana porque seu inglês era impecável e ela tinha longa vivência de crooner na noite carioca.

Na infância, aprendeu a tocar violão sozinha, frequentava programas de auditório nas rádios e casou-se ainda adolescente, tendo dois filhos, Vera Lúcia (miss Brasil em 1963) e Hélio. A união durou pouco, pois o marido, Cleido Maia, não aprovava sua vida artística.

Em 1952, conheceu o cantor Jorge Goulart (1926-2012), seu companheiro até o fim da vida. No mesmo ano sai seu primeiro single, pela Continental, com "Menino Grande" (Antônio Maria) e "Quanto Tempo Faz" (Paulo Soledade e Fernando Lobo).

No mesmo ano, gravou "Ninguém Me Ama", também do jornalista Antônio Maria (1921-1964), o "paradigma do samba-de-fossa".

A interpretação marcou definitivamente sua carreira de cantora das dores amorosas e lhe valeu o primeiro Disco de Ouro da história da fonografia brasileira, inspirando até o cantor Nat King Cole (1919-1965) a gravar essa música, poucos anos depois, quando o americano esteve no Rio em turnê.

Em 1953 foi eleita Rainha do Rádio. Em 1964, após o golpe militar, sai do país com Goulart e a enteada Maria Célia por causa da ligação do companheiro com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o sindicato dos artistas.

Retorna em 1970 e apresenta-se em Belo Horizonte (MG) e segue cantando e gravando até 2001, quando o agravamento de seus problemas de saúde a afastou dos palcos.

Morreu aos 81 anos por falência de múltiplos órgãos.



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